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Périplo de África no Paquete Vera Cruz

Diário de Viagem (1956)

Em 1956, quatro anos depois da viagem inaugural, o governo de Salazar decide enviar o paquete Vera Cruz em nova missão, desta vez circundando África, num percurso de 14.128 milhas ou seja, a mais extensa excursão marítima realizada sob bandeira portuguesa.

O navio almirante partia para 51 dias de viagem em torno do continente africano, fazendo escalas na Madeira, Canárias, S.Tomé, Luanda, Lobito, cidade do Cabo, Lourenço Marques, Beira, Mombaça, Canal de Suez, Port Said, Alexandria, Nápoles, Cannes e Barcelona. Coincidindo com a visita de Sua Excelência o Senhor Presidente da República Província Ultramarina de Moçambique, destacava-se na capa do desdobrável com que a Companhia Nacional de Navegação promoveu o cruzeiro.

Entre os excursionistas encontra-se Vitorino Reis Pedreiras, um agricultor da Bairrada, que ao longo da viagem vai escrevendo o seu diário, longe de suspeitar que o destino do navio e o ambiente dos salões haveria de sofrer uma completa metamorfose.

Tem 59 anos quando parte para a grande e emocionante viagem. Mas Vitorino não é um turista, ele é o viajante em constante descoberta e, a seu modo, um jornalista. Fotografa, anota, visita, observa, comenta, imagina, descreve.

Este é um diário de viagem. São páginas que muito revelam do seu autor e do seu tempo. São páginas que representam um esforço diário, persistente. O esforço de quem escreve após longas e cansativas excursões, com a determinação, com o empenho de quem quer agarrar aqueles dias.

 O livro inclui também um prefácio de Belino Costa, historiando as  viagens do Paquete Vera Cruz, e um depoimento de Manuel Martins Costa, companheiro de jornada até Moçambique.