Sofri um AVC - Uma terrível experiência

  Sentir-me prisioneiro dentro de mim

     Foi essa a primeira consequência do AVC, de que fui vítima.

Na verdade, sentir que deixa de haver comunicação de dentro para fora, como foi o caso de o braço e a perna do lado esquerdo se terem alheado das ordens que a mente ainda tinha capacidade para emitir, tornaram-me numa espécie de prisioneiro dentro de mim.

Sentia que a vida permanecia, mas havia deixado de ser capaz de a exteriorizar de forma plena.

No início, até as palavras teimavam em não sair, fácil e fluentemente, como tinha sido capaz de fazer até então.

Foi parcial e não muito duradoura essa sensação, ainda assim, de tal modo demolidora do alento e da própria lucidez, que até o raciocínio ficou perturbado.

E toda a força que detivera até quele momento, que julgava ser de molde a aguentar qualquer embate, se esvaiu, para dar lugar a uma fragilidade impiedosa e confrangedora.

Uma experiência terrível, que não se deseja ao pior dos inimigos.

Cheguei a admitir que ia soçobrar, mas acredito hoje que, afinal, o limite foi mal avaliado por mim.

Não era onde julgava ser.