A água cobre setenta por cento do nosso belo planeta azul. Compõe, também, nosso corpo com setenta por cento.
Dessa liquidez, embalada pelos versos de Camões, me veio a inspiração dos grandes mares interiores de nossas emoções.
A alma, igualmente como água, saÃda de seu ventre lÃquido, se lança, em correnteza de buscas e conquistas. Em fontes mÃsticas de pensamentos, para ir, por fim, desaguar na morte, imenso lago do esquecimento.
Mar interior começa com as águas do Gênesis, o próprio ventre do planeta Terra, na turbulência de sua criação.
Da doçura das mães à beira d´água até Ãs velas, infladas em batalhas, nos mares masculinos dos piratas e caravelas, que desbravam ondas, atrás do novo mundo e novas terras. As chegadas Ãs ilhas, as navegâncias, Ãs belas e virgens selvas brasileiras. O nosso impulso humano pelo cais. Sempre em busca da paz da terra firme e ao mesmo tempo tendo, na alma lÃquida, a vastidão do fundo em mar aberto.
Desceremos também ao mar da morte, dos navios assombrados de saudades, dos portos de lembranças esquecidas.
Mantendo, de fundo, o tema marÃtimo, como sÃmbolo da nossa alma e de nosso ser. O longo e distante mar dos sonhos, o mar que encanta da margem, da praia, o mar que eternamente vive em nós.
Espero que os novos navegantes ergam seus mastros, mesmo que em ventos e procelas, raspem seus cascos fortes nas marés e mergulhem no mar interior. De onde nascerão conchas marinhas, sereias mágicas, ilhas na neblina; no humano e constante navegar.
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