Mariana Borges

(...) Às vezes perco-me por entre as palavras. Basta isso. Basta haver palavras e eu perco-me. Por entre os seus significados, as suas lembranças, os sinónimos, os antónimos, os sentimentos? por entre cada letra. É como se me tivesse descoberto apenas no oitavo ano e, até lá, não fui ninguém. Nem mesmo uma criança. Porque uma criança sabe sonhar e eu não sonhava. Agora os sonhos fazem parte da minha vida. São a minha vida. Porque sonhar é a única coisa que ainda me mantém distante da realidade. E sabe tão bem ficar distante da realidade quando ela está difícil de ser como imagino dentro da minha vida de sonhos. Parece que passei algumas coisas da fase de criança para a fase de adolescente. Como sonhar. Tenho dezasseis anos e não me lembro de um sonho que tive quando era mais pequena. Ouvi que não se deve sonhar mais do que a realidade. Estarei ?s portas do outro mundo quando me tirarem as palavras e os sonhos. Nasci em mil novecentos e noventa e três, em Ovar. (...) A minha vida escolar é tão vazia e ao mesmo tão preenchida. Perco-me com as pessoas que se dizem minhas amigas e não sei onde estão as verdadeiras. Com o passar dos anos fui conhecendo-as. Hoje tenho a certeza de quem são. (...) Por vezes tenho a necessidade de demonstrar o afecto que tenho dentro de mim por outras pessoas. Chego a pensar, nessas mesmas vezes, que têm dúvidas da amizade que nutro por elas. Por causa de palavras mal faladas que adquirem um duplo significado que nem sempre é o mais correcto, por causa dos acontecimentos que se dão, dos actos que temos, dos olhares e os sorrisos que trocamos e até mesmo das coisas que não fizemos. Noutras vezes sinto dúvidas em relação ao que algumas pessoas sentem por mim. Não sabem dizer aquela palavra que tenho necessidade em ouvir. Mas dizem-se amigos e prontos a ajudar-nos a ultrapassar os obstáculos que se atravessam no nosso percurso de vida. Tirando todas as dúvidas sei que tenho perto os melhores amigos que algumas vez podia ter perto de mim. (...) Continuo a perder-me nas palavras e nos pensamentos e atrás de uns vêem outros. Perco-me em palavras bonitas como um adoro-te. E não é necessário ser de um rapaz que me ame para todo o sempre? apenas é necessário que seja de alguém que goste de mim. Seja um adoro-te de pai e mãe, de amigo ou amiga. Porque sabe tão bem quando a Raquel, a Ana Cláudia, a Cláudia Gonçalves ou a Andreia me dizem Eu adoro-te pá!. E esta é a melhor maneira de retribuir essa demonstração de carinho que elas têm por mim. Eu escrevo para e por elas e todos aqueles que fazem parte da minha vida. Eu quero tanto que elas sejam felizes. (...) Vivo a perder-me nas palavras mas, quando chegar ? altura delas se perderem em mim, não estarei mais aqui para me voltar a perder nelas. Espero que assim seja.