claudiodonato

Orgulho é aquilo que devoramos quando não somos devorados por ele. É aquilo que devoramos quando e enquanto ele não nos devora.

Somente o orgulhoso é capaz de produzir algo novo no mundo. Sua obra nasce exatamente de sua posição de autoridade, que o transforma em autor. Sua autoridade nasce de sua autonomia para saber o que quer fazer. O que o autor “autoritário” quer e sabe fazer é reflexo de quem ele é e de quanto ele sabe de si. Assim, uma obra é sempre um auto-reflexo, um auto-retrato e, de certo modo, uma bio-grafia, num sentido essencial, é dizer, existencial.

Uma nova concepção de verdade como correspondência tem como tema central a liberdade. Não tratarei do conceito de liberdade, mas sim, em consonância com a corrente filosófica fenomenológica: o sentido e a possibilidade da liberdade.

 

Acostumados a agir e pensar automaticamente, nós nos dispensamos diariamente da tarefa de pensar. Tal dispensa ou recusa nos equipara a autômatos programados a responder ou corresponder a estímulos ou apelos. Inconscientes de nosso lugar no mundo, seríamos ainda capazes de pensar E mais, seria possível ainda, num mundo dominado pela técnica e pelas tecno-logias, algo assim como a liberdade ou, pelo menos, o pensamento sobre a liberdade Paradoxalmente, diante da falta de pensamento e da falta de liberdade, somos obrigados pelos fenômenos mesmos, neste caso pelo fenômeno da ausência de pensamento e de liberdade, a pensar e a vislumbrar, pelo pensamento sobre a liberdade, alguma forma de liberdade.

 

O homem, para existir livremente, deve romper com a produção massificada da “arte” e do “pensamento”. A massificação e o engajamento advindo dessa mesma massificação da arte corrompe o sentido originário do que seja a arte. Em essência, não existe arte engajada, do mesmo modo que não existe filosofia instrumental. Arte pela arte e filosofia pela filosofia, sem engajamento ou “propósito”: eis o fenômeno da liberdade.