A revolta nascida da linearidade e irreversibilidade do tempo, o desaparecimento de mundos, a perda da infância e de pessoas, a frustração de expectativas, faz da racionalidade um discurso insustentável que conduz necessariamente ao delírio e loucura, na qual se confunde o tempo e o espaço, o passado e o futuro. É nesta insustentabilidade da existência que se redescobre uma autenticidade anterior, primordial, pré-racional, que encontra a sua maior genuinidade no prazer físico e sexual, semelhança dos rituais ancestrais de fertilidade, como uma assunção plena de humanidade. O reconhecimento da humanidade através do corpo surge não só como um fim mas também como um meio para o reconhecimento dos nossos semelhantes como iguais, com os quais devemos pautar as nossas relações pela generosidade, autenticidade e verdade, num mundo em que todo o amanhã que poderemos esperar é o hoje.