Maria de Lourdes Beja

Maria de Lourdes Beja nasceu em Leiria na segunda década do século vinte. O culto das Letras era tradição da família materna: Júlio Dinis era primo direito do avô Mariz Coelho. Se deste ramo da família recebeu o pendor para a criatividade, da família paterna, uma quase dinastia militar, receberia a paixão pelo rigor disciplinado mas pragmático. A sua formação escolar fez-se em Colégios, até aceder ? Faculdade de Letras de Lisboa no início dos anos quarenta. Fez a licenciatura em Filologia Românica enquanto, pelo Mundo, ia alastrando a Segunda Guerra Mundial. Os refugiados que acorriam a Lisboa chegavam também ? Faculdade de Letras e os seus testemunhos deixavam marcas de vária ordem na formação moral e intelectual dos alunos e até no desempenho dos Mestres. Para muitos rapazes e raparigas aí brotou a sua primeira consciência política. Lourdes Belchior, Matilde Rosa Araújo, Ricardo Alberti, Ruben Andersen, Prado Coelho, Maria Judite de Carvalho, Natália Nunes, Urbano Tavares Rodrigues, Sebastião Gama, Eurico Lisboa, Lindley Sintra, António e José Hermano Saraiva foram partes de um maior grupo de amigos com que Maria de Lourdes Beja então privou em aulas comuns de vários cursos de que se destacavam Mestres como Vitorino Nemésio, Hernâni Cidade, Simões Neves, Buescu, Saviotti, Meyer, Hourcade Rossi, Delfim Santos, Laranjo, Victor Fontes... tantos de cujas lições Maria de Lourdes tudo aproveitou, quando, passando a leccionar em Escolas e Liceus de Lisboa pôde rever-se na aplicação de tudo o que aprendera, em métodos por si mesma elaborados no sentido de estimular nos alunos o amor pelos escritores, muito em particular pelos poetas. Estudou, viajou, aperfeiçoou. Após o 25 de Abril foi convidada para outras actividades. Fez novas aprendizagens: Londres, Madrid e por fim Luxemburgo e Bruxelas. No desempenho da nova profissão, frequentou os areópagos da União Europeia onde tantas vezes o desempenho oscila entre o técnico e o diplomático. Quando se reformou teve então tempo para reler, corrigir, coligir o que viera sempre escrevendo para memória futura.