Já todos ouvimos falar de Baco, o deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, e da intoxicação que funde utopicamente “o bebedor com a deidade”, e que foi adotado pelos romanos a partir da mitologia do deus grego Dionísio. Às vezes, era chamado de Liber (Livre), porque o deus do vinho libertaria o espírito de qualquer cuidado. No decorrer da história, ainda que um mito improvado, Baco manteve-se vivo na materialização do poder do álcool sobre os homens, entre tantos outros vícios. Génios, grandes mentes, mestres, reis, filósofos e sábios sucumbiram à sua falácia, ao seu poder, tornando-se escravos do vício da bebida. Mas essas mentes brilhantes nunca deixaram de o estudar, de meditar sobre ele, tentando encontrar uma forma de o silenciar para sempre. A maioria infelizmente fracassou, e deixou apenas como legado mais uma pista, mais uma direção capaz de desvendar o meio de o levar à sua derrota. O segredo, parece sempre ter estado bem perto de nós; na realidade estará dentro de nós próprios e escrito nos anais da nossa história evolutiva ao longo de milhares e milhares de anos. Nas simples leis da Natureza.
Baco também era chamado de “Evã”, porque as suas sacerdotisas, durante as orgias, corriam de todos os lados gritando “Evoé, Baco!” termo derivado de uma palavra grega que significa “gritar”, uma alusão aos gritos das bacantes e dos grandes bebedores. Com este ensaio, pretendo contar e explicar como na minha vida Baco deu o seu último grito, o seu último suspiro antes da morte, definhando e perdendo assim o seu poder sobre mim, um mero mortal nos subúrbios do imponente Olimpo. Vencido, estou certo que ainda vive na mente e no corpo de muitos outros que, como eu, cederam aos encantos do álcool. Este livro é para esses caminhantes, que sem o saberem, estão sedentos de paz e não de vinho...