telectu

A musicologia na era do porquinho Babe é um metaconto duma alegada ficção científica, muito especial como irão ver…
A sua escrita é tão aliciante quanto introspectiva, tão marcada pela ironia como pelo discurso críptico e exigente; o texto fluido e pedagógico a sua leitura é sempre gostosa e carregada de recolha de informação.
lustrado de videogramas neo-subjectivistas construídos em computador; articulações visuais do subconsciente e, inclui intermitentes lapsos de pautas da própria autoria. Â
O livro é formado por dez pequenas histórias, de recorrente e intelectual cavaquear, inventadas numa situação espaciotemporal tríptica, no presente, no passado e no futuro; envolvidas com problemáticas cosmológicas, insinuações científicas, opinião musicográfica… libreto duma dezena de quadros de opereta. Â
Os seus heróis são personagens da estirpe suína da mais simpática fábula, que discute diversos problemas musicológicos, teóricos e tecnomusicais de forma descontraída, ora de abrasivo cinismo ora grotesca ora de profunda reflexão, sem que qualquer postura desequilibre o divertido estilo ficcional.
Todas as matérias abordadas por Vítor Rua neste metatexto, revelam o saber historicista e pluridisciplinar, a acção vivida muito concreta e prestigiosa, a imaginação futurística. Â
A musicologia na era do porquinho Babe é um objecto apetecível, saboroso e rico em ideias; o metaconto mantém viva a original criatividade do escritor musical pop e supera-se na erudição.
A sua épica é um sortido de diálogos de banda desenhada ou de intrincados raciocínios sobre notação musical, e muito mais… discussões espantosas este objecto é a conciliação musicológica do bom humor com a seriedade - a voz introspectiva do autor e o dissertar diletante dos porquinhos muito sofisticados vivendo em cenários paradoxais, leva-nos á Alegria da Música.

JORGE LIMA BARRETO