Calendario 21 / Março / 2019 Cantidad de comentario Sem comentários

Na Bubok vamos festejar este dia mundial da poesia como melhor sabemos: a ler poemas maravilhosos da nossa literatura imortal

dia mundial da poesia

O mar dos meus olhos

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
e calma

Sophia de Mello Breyner Andersen (dia mundial da poesia)

Natalia dia da poesia

Queixa das almas jovens censuradas

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crânios ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Natália Correia (dia mundial da poesia)

FERNANDO VELUDO/ARQUIVO

 

4

Estou de pé sobre a fronte apelativa de uma imagem de mulher.
E por onde ela me atrai, principia a circular meu desejo; afinal,
Converso com ela; mais exactamente, ela fala comigo, pois eu
Raramente abro os lábios. Apenas por olhar me identifico.
Que inventar para lhe pôr na testa? Nada de parecido com um beijo.
Com um desafio. Sinto
A força dos cavalos à deriva. Vejo que meu corpo se senta, se deita,
Pousa a cabeça no chão, pelo lado da cara. Choro em torrentes nesse
Corpo total. Muitas são
As lágrimas que merece a alegria de conhecer.

 

Maria Gabriela Llansol (dia mundial da poesia)

Feliz dia Mundial da Poesia!

 

Fonte: La raiz invertida

 

 

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