CATALOGO EXPOSIÇÃO CIDADES INVISÍVEIS - TEMAS I A IV

CATALOGO DA EXPOSIÇÃO REALIZADA ENTRE 27 MAIO E 8 JUNHO, NO ESPAÇO DAS ARTES, CASA DA CULTURA DE SETÚBAL.

 

Promovida pela Câmara Municipal de Setúbal e pela Artiset, Associação de Artostas Plásticos de Setúbal.

Intro às cidades e autor « As cidade invisíveis » é uma obra de ficção do escritor Italo Calvino de 1972, na qual Marco Polo descreve ao imperador Kublai Khan 55 cidades imaginárias que representam um mosaico profundo inesgotável da existência humana. De surpresa em surpresa, a leitura fascina pelas ideias de urbanidade e actualidade das suas reflexões. E se a estrutura da obra e descrição das cidades é minuciosamente racional e geométrica, as questões e considerações que propõe sobre a influência do urbanismo na experiência humana são também fortemente subjectivas. Miguel Amaral lançou-se nas aventuras de Marco Polo tendo por objectivo ilustrar todas as cidades imaginadas por Calvino. As cidades apresentadas nesta mostra compreendem os seguintes grupos temáticos constantes na obra: « as cidades e os nomes », « as cidades e a memória », « as cidades e o desejo », « as cidades e os sinais ». A estes temas correspondem questões comuns às cidades de cada grupo; identidade, geografia e passado, a acção criadora do inconsciente, as linguagens que unem o colectivo e moldam a imagem da cidade. Tais considerações são ritmadas visualmente por Miguel Amaral entre cheio e vazio, sugerindo as conjugações binomiais que assistem à criação destas imagens: estranho e familiar, racional e onírico, o corpo e a paisagem urbana, arquitectura clássica e surrealismo, aridez e fertilidade. « As cidades como os sonhos são construídas de desejos e de medos, embora o fio do seu discurso seja secreto, as suas regras absurdas, as perspectivas enganosas, e todas as coisas escondem outra. »  Como a narrativa de Marco Polo, a côr é vibrante. O desenho rápido, inevitável e urgente. Não há receio ou dúvida na viagem que a caneta percorre revelando por sinais o que ao consciente escapa, é o movimento necessário, automático. Uma vez descobertos, serão sinais que da nossa memória evocam lugares ou acontecimentos que, na realidade, nunca existiram e que nos lembram que essas memórias são, também elas, uma construção, que « o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado ». Tomando livremente as questões que ligam as cidades descritas por Marco Polo, as imagens que o Miguel Amaral delas nos propõe são produto do desejo, da influência dos lugares, da história, subjectivas, mas que partilham de uma linguagem colectiva inconsciente e criadora. « os olhos não veem coisas mas sim figuras de coisas que significam outras coisas. » Citações de « As cidades invisíveis » traduzidas por José Colaço Barreiros RUI ALVES - VISUAL DESIGNER 23