Passagem de Testemunho Volume III

Apenas falando como cristãos, nos podemos atrever a falar da pobreza, dado que não podemos encontrar qualquer consolo naqueles que lhe sofrem os efeitos. É muito difícil, senão impossível, encontrar um bálsamo que possa sarar as chagas da pobreza. É doença que nenhum físico (médico) pode medicar com acerto, pois não se conhece, até agora, nenhum medicamento para a sua cura…Por este processo, é incurável. Tratar a pobreza com «mesinhas», unguentos ou tisanas, é um erro de ignorantes, e o primeiro impulso que nos demoveria, se não fosse a lei divina, seria o de levá-los à rebelião contra a sua posição, a injustiça da sociedade, e a corrigir, pelas nossas próprias mãos, a desordem que reina no mundo que habitamos. Mas, graças sejam dadas a Deus, os cristãos podem usar uma linguagem muito diferente: «A Religião a que têm a dita de pertencer, têm consolos para todas as misérias; remédios para todos os males; esperanças para todos os desejos. Ela mostra, a todos os homens, muito para lá desta vida terrena, algumas vezes tão custosa de suportar, promessas que calam a murmuração dos lábios e sufocam as queixas do coração, até ao ponto de transformar as dores em lenitivos…Ela converte os males em sublimes virtudes, que abrem o caminho do Céu, onde, todas as lágrimas se secarão e todas as privações encontrarão a sua fartura.
Se Deus, que permite que haja, neste mundo, lágrimas para uns e consolos para outros, cabanas e palhotas ao lado de palácios, infelizes misturados com afortunados, é porque reserva, para Si, toda a eternidade, para dar a cada um, segundo os seus méritos, reparando, oportunamente, a aparente injustiça da Sua Santa e Omnipotente Providência».