Tomé Nicolau

"Eu não vejo o teu olhar há uma eternidade. Nesse desespero onde me encontro, que faço eu da vida sem ti? Imaginei-te para a vida inteira! O nosso amor estava tão perto, sim, tão perto de ir tão longe, um amor mais forte que o amor de ninguém. Mas estou aqui. Aqui neste quarto frio preso entre as grades de ferro procurando os teus beijos, os beijos que me possam arrancar a solidão. Não me ensinaste a esquecer-te. A noite aqui é tão longa, tão fria, tão silenciosa. E nesse silêncio o pensamento relembra nós os dois. Tu não me ensinaste como te esquecer! E a noite vai, o dia vem. Mas uma noite em vão e a solidão me beija em abraço de traição. É fria esta cela. Está frio para apostar no amor. Eu vivo na agonia de quem ama. Sim, mas ainda tenho em mim as lembranças do teu beijo, do teu cheiro, do teu abraço apertado. Ainda guardo na mente o dia em que fomos a pele um do outro, no calor do vento e o frio das ondas do mar. Estou fraquejando…. Sinto-me em baixo. Apenas tenho a esperança… A esperança de que a força do meu pensamento acenderá a luz e retornarás para mim. Está frio demais para apostar nesse nosso amor.”