O primo Paulino

Casa assombrada! Era o que ouvia dizer! E ficava com medo! Ouvia barulhos no forro do tecto ao entardecer quando se fazia mais silêncio e eu acho que estremecia e corria para debaixo da saia da mãe, estivesse a brincar ao quer que fosse! Era esse o meu refúgio e nele achava a mesma sensação de segurança que sentia ao esconder a cabeça entre os lençóis, na cama, ao mínimo temor nocturno.

Para lá desse refúgio não existia simplesmente mais nada. O Universo todo se reduzia ao espaço entre mim e a saia, ou os lençóis, conforme a circunstância. E esse, era um universo bem mais fácil de dominar. Tenho a certeza que para os homens e mulheres como o primo Paulino, o seu refúgio é mesmo todo o Universo e, por isso, não precisam de fugir para lado nenhum, nem de nada podem ter medo! São heróis de carne e osso!